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Eliminação do Consumo de HCFCs

A partir de setembro de 2007, o Protocolo de Montreal entrou em uma nova fase voltada para a eliminação da produção e consumo dos Hidroclorofluorcarbonos – HCFCs, considerando que essas substâncias, além do potencial de destruição da camada de ozônio também possuem alto potencial de aquecimento global. Por meio da Decisão XIX/6, as Partes do Protocolo de Montreal decidiram antecipar os prazos de eliminação dessas substâncias.

De acordo com a regra acima, todos os países se comprometem a cumprir um novo cronograma de eliminação dos HCFCs. No caso dos países em desenvolvimento, os prazos de eliminação dos HCFCs ficaram definidos conforme a tabela abaixo:

Com a finalidade de atender à Decisão XIX/6 de 2007 do Protocolo de Montreal, o Brasil elaborou o Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs – PBH, que contempla a estratégia de controle, redução e eliminação dos HCFCs por meio de ações apoiadas com recursos do Fundo Multilateral para implementação do Protocolo de Montreal. As atividades e metas estabelecidas na estratégia do PBH foram divididas em três etapas, conforme tabela abaixo:

O PBH foi construído de forma conjunta e participativa, por meio de um processo aberto, transparente e democrático, com a participação de todos os setores envolvidos, governo e iniciativa privada.

Estratégia de Redução do Consumo de HCFCs – Etapa 1 do PBH

A Etapa 1 do PBH foi aprovada em 2011 durante a 64ª Reunião do Comitê Executivo do Fundo Multilateral para Implementação do Protocolo de Montreal. Foram aprovados recursos financeiros para a eliminação de 16,6% do consumo de HCFCs, com o objetivo de promover a realização das seguintes atividades:

  • Ações regulatórias;
  • Execução de projetos de conversão de tecnologias para o setor de espuma (HCFC-141b);
  • Execução de projetos de contenção de vazamentos para o setor de serviços (HCFC-22).

A Tabela abaixo apresenta a estratégia para a redução do consumo do HCFC-22 e HCFC-141b prevista na Etapa 1, indicando as quantidades de HCFCs a serem eliminadas.

Estratégia de Redução do Consumo de HCFCs – Etapa 2 do PBH

A Etapa 2 do PBH define as diretrizes e ações a serem executadas no Brasil relacionadas ao cumprimento das metas no período de 2016 a 2023. Foi aprovada em 2015, na 75ª Reunião do Comitê Executivo do Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal. Nesta segunda etapa, a estratégia de eliminação do consumo de HCFCs consta: da realização de ações regulatórias; da execução de projetos de conversão de tecnologias para o setor de espuma; da execução de projetos de conversão de tecnologias para o setor de refrigeração e ar condicionado; e da execução de projetos de treinamento e capacitação para o setor de serviços.

A tabela abaixo apresenta a estratégia para redução do consumo do HCFC-22 e HCFC-141b prevista na Etapa 2, indicando as quantidades de HCFCs a serem eliminadas.

A capacitação dos profissionais que atuam especialmente na instalação, operação, reparos e manutenção de sistemas de refrigeração comercial em supermercados e ar condicionado do tipo Split foi uma das prioridades da Etapa 1 do PBH.

Foram criados conteúdos e metodologias apropriadas para capacitação de técnicos de refrigeração, visando às boas práticas de trabalho e contenção de vazamentos. O objetivo foi dotar os profissionais do setor de orientações focadas na sustentabilidade dos sistemas, buscando contribuir para a redução efetiva das perdas de fluidos refrigerantes no meio ambiente, que agridem a camada de ozônio e provocam o efeito estufa quando liberado na atmosfera.

Como resultado desse trabalho foram criados os cursos “Curso de Boas Práticas em Refrigeração Comercial para Supermercados” e “Curso de Boas Práticas em Sistemas de Ar Condicionado do tipo Split”, cujas apostilas contaram com amplo conteúdo técnico, ilustrado e colorido, para facilitar o aprendizado.

Além das aulas teóricas (15%), os alunos contaram com aulas práticas (85%), com equipamentos e ferramentas apropriadas para demonstrar as atividades práticas e permitir aos participantes praticarem e aperfeiçoarem as habilidades durante o treinamento, cedidos pelo próprio Projeto.

Foram estabelecidos acordos de parceria com escolas técnicas de excepcional qualidade em todo o Brasil (Institutos Federais e/ou do Sistema SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e/ou do Sistema SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), que disponibilizaram seus professores para treinamento como multiplicadores do curso.

As aulas, desta Etapa 1 do PBH, foram ministradas por 69 professores-multiplicadores (inicialmente foram previstos 45, mas esse número foi ampliado para maior eficácia do Projeto), que foram capacitados em vários estados do País, por meio de realização de sete “Treinamento dos Treinadores”.

 

Refrigeração Comercial em Supermercados

 Na Etapa 1 do PBH foram efetivados mais que 300 cursos para técnicos de refrigeração que atuam na área de refrigeração comercial em supermercados, nos quais foi alcançada a meta de 4.800 técnicos capacitados. Mais de 1.200 redes de supermercados e empresas terceirizadas foram atendidas pelo Projeto.

Veja na tabela abaixo as regiões e estados contemplados com o número de profissionais técnicos, funcionários de empresas ou prestadores de serviços, capacitados:

Obs.: Devido à dimensão continental do Brasil foram definidas, com apoio dos parceiros do PBH (entidades da indústria e do comércio), os estados de cada região geográfica do Brasil a serem contempladas com os cursos na Etapa 1 do PBH. O objetivo foi atingir as praças de maior demanda de profissionais nos setores envolvidos a fim de estudar as necessidades específicas de cada região e otimizar a expansão das atividades em todo o Brasil no âmbito da Etapa 2 do PBH.

Ar Condicionado do tipo Split

Na Etapa 1 do PBH foram efetivados 6 cursos para técnicos de refrigeração que atuam na área de sistemas de ar condicionado do tipo Split, nos quais foi alcançada a meta de 100 técnicos capacitados.

Veja na tabela abaixo as regiões e estados contemplados com o número de profissionais técnicos, funcionários de empresas ou prestadores de serviços, capacitados:

Na Etapa 1 do PBH também foram definidos estudos de casos com lojas do setor supermercadista brasileiro, para análise profunda e efetiva de um conjunto de ações que restrinjam os vazamentos dos HCFCs no Brasil. Com apoio da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) foram selecionados 3 (três) parceiros para implementação do Projeto:

  • Supermercado Y.Yamada, de Belém-PA (Região Norte)
  • Supermercado Hortifruti do Campo, de São Paulo-SP (Região Sudeste)
  • Supermercado Angeloni, de BalneárioCamboriú – SC (Região Sul)

Os resultados vem sendo amplamente divulgados por meio de estudos de caso, fichas técnicas e vídeo com vista a sensibilizar os empresários do setor a adotarem medidas e procedimentos semelhantes. Os resultados comprovam que vale a pena outros supermercados seguirem esses modelos: 

1º Resultado: Ganhos sociais, com a qualificação técnica de pessoal. 

2º Resultado: Ganho ambiental, com redução drástica dos vazamentos (sistema de refrigeração em condição selada). 

3º Resultado: Ganhos econômicos, menor custo com reposição de fluidos frigoríficos e maior eficiência energética. 

Boas práticas também incluem atividades contínuas de registro de dados técnicos. Por isso, além da capacitação de profissionais dos setores envolvidos, a Etapa 1 do PBH disponibilizou uma ferramenta interativa, que visa apoiar seus usuários nas atividades de monitoramento do consumo de HCFCs durante a manutenção e reparo de sistemas de refrigeração e ar condicionado, o Pró-Ozônio.

O Pró-Ozônio é um sistema online para a administração, documentação e manutenção de equipamentos de refrigeração e ar condicionado em instalações comerciais e industriais, que foi elaborado e testado com apoio de especialistas e associações de classe do setor. Atualmente, está disponível, gratuitamente, por meio do site http://www.ozoniohcfc.com.br/.

O grande diferencial deste sistema é que ele possui a função de multiusuário. Os direitos do usuário estão protegidos, bem como a segurança de dados, o que permite às empresas utilizarem individualmente o sistema para seus controles, com toda a segurança. 

No âmbito da Etapa 1 do PBH foram elaboradas e publicadas uma série de material de divulgação, publicações técnicas e vídeos. Esses materiais visam ampliar o conhecimento de todos os envolvidos na utilização dos HCFCs com foco na redução de vazamentos, e também orientar o uso seguro de substâncias alternativas com baixo impacto no sistema climático global, como os fluidos naturais.

Para que o setor produtivo estivesse acompanhando os trabalhos, a Etapa 1 do PBH também contou com a comunicação ao mercado de notícias sobre projetos, cursos, publicações, etc., evidenciando a importância das boas práticas e das opções de fluidos sustentáveis, por meio de participação em eventos e da divulgação sistemática de notícias.

Resumo dos resultados alcançados: 

  • Criar e aperfeiçoar as capacidades institucionais para a capacitação de técnicos e mecânicos de refrigeração;

  • Capacitar 8.238 técnicos e mecânicos de refrigeração, com foco nas boas práticas para melhor contenção de vazamentos de HCFC-22 para sistemas de ar condicionado e de refrigeração comercial;

  • Fortalecer o conceito de recolhimento, reciclagem e reutilização de HCFC-22 durante as capacitações, a fim de reduzir a demanda por substância virgem;

  • Apoiar ações para que os equipamentos existentes a base de HCFC sejam utilizados até o final de sua vida econômica, evitando custos adicionais de uma substituição antecipada;

  •  Capacitar 1.000 técnicos e mecânicos de refrigeração em boas práticas para uso seguro e eficiente de fluidos alternativos de zero PDO e baixo impacto para o sistema climático global para sistemas de ar condicionados e de refrigeração comercial.

  • Implantar dois centros de treinamento para o uso seguro de CO 2 e de HC em sistemas de refrigeração comercial em apoio as ações de capacitação;

  • Aumentar a conscientização do setor de serviços por meio da divulgação das boas práticas e de tecnologias alternativas de zero PDO e baixo impacto para o sistema climático global.

O Projeto apresenta técnicas que permitem a redução de vazamentos e necessidades de manutenção corretiva, as quais, ao mesmo tempo, contribuirão para a melhoria da eficiência dos aparelhos e para a redução de níveis de recarga de HCFCs. Os cursos fortalecem o conceito de recolhimento, reciclagem e reutilização de HCFC-22, a fim de reduzir a demanda por HCFC-22 virgem, preparando o setor de refrigeração e ar condicionado para uma disponibilidade reduzida de HCFC-22 no futuro. Adicionalmente, o treinamento de boas práticas inclui métodos de detecção de vazamentos, atividades de manutenção preventiva planejadas, registro de dados técnicos, limpeza (flushing) de sistemas de refrigeração e práticas para manter o sistema em condições seladas. Os cursos têm uma duração de 32 horas, priorizando o aprendizado prático (15% teórico e 85% prático).

O Projeto adota a abordagem do “Treinamento dos Treinadores”, no qual serão primeiramente capacitados 70 instrutores, que junto com especialistas internacionais e locais das entidades envolvidas na capacitação serão responsáveis por ministrarem os cursos de melhor contenção de HCFCs para 8.238 mecânicos e técnicos de refrigeração.

A tabela abaixo apresenta a distribuição do Projeto de Treinamento em boas práticas para melhor contenção de HCFC-22 em sistemas de ar condicionado e equipamentos de refrigeração comercial por setor:

Os parceiros regionais e o progresso real das capacitações realizadas em cada estado podem ser acompanhados na Home. 

Serão criadas capacidades institucionais para o treinamento no uso seguro e eficiente de fluidos refrigerantes alternativos de baixo impacto para o sistema climático global para sistemas de ar condicionado e de refrigeração comercial, a fim de facilitar a transição dos HCFCs para tecnologias de zero PDO e baixo impacto para o sistema climático global. As tecnologias são selecionadas conforme o desenvolvimento nacional e, em acordo, e estreita cooperação, com as atividades e tecnologias demonstradas nos projetos de conversão tecnológica no setor de manufatura de equipamentos em RAC.

A maior preocupação em relação à aplicação de fluidos alternativos, de baixo impacto para o sistema climático global, em sistemas de ar condicionado é com o preço e com a falta de mão de obra qualificada para o fornecimento de serviços de qualidade, que garanta segurança durante a instalação, operação e manutenção desses sistemas. Isto acontece porque as substâncias alternativas de baixo impacto para o sistema climático global, atualmente disponíveis no mercado de ar condicionado, em sua maioria, são substâncias inflamáveis.

Considerando o número crescente de vendas, especialmente de sistemas de ar condicionados residenciais, o Projeto visa preparar o setor para o uso seguro das alternativas tecnológicas disponíveis de baixo impacto para o sistema climático global.

As tecnologias abordadas no curso de boas práticas serão selecionadas conforme o desenvolvimento nacional, e, de acordo com as atividades e tecnologias demonstradas nos projetos de conversão tecnológica no setor de manufatura.

Em princípio, o treinamento incluirá a capacitação em boas práticas de instalação (provisão de sistemas em condições seladas) e de manutenção (incluindo a segurança elétrica) para o uso seguro de fluidos alternativos de baixo impacto para o sistema climático global. Com o objetivo de demonstrar as atividades práticas e permitir aos participantes praticarem e aperfeiçoarem suas habilidades durante o treinamento, serão fornecidas pelo Projeto unidades de treinamento móveis e kits com ferramentas adequadas.

As atividades de treinamento, neste projeto, serão iniciadas em cinco estados, sendo um para cada região do Brasil. Os parceiros regionais serão selecionados por meio de um processo seletivo, considerando a capacidade técnica, experiência e infraestrutura na respectiva região. Com o objetivo de capacitar 700 técnicos e mecânicos de refrigeração em boas práticas e no uso seguro de fluidos alternativos de baixo impacto para o sistema climático global, dez (10) multiplicadores das instituições parceiras selecionadas serão primeiramente treinados por um consultor especializado, conforme tabela abaixo:

O início de implementação destes cursos está previsto para 2022.

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