Impacto dos fluidos refrigerantes na refrigeração das vacinas contra Covid-19 é tema de estudo

O professor Alexandre Fernandes Santos, diretor da Escola Técnica Profissional* (foto), de Curitiba (PR), realizou estudo a respeito do impacto dos fluidos refrigerantes e do consumo energético na refrigeração das vacinas contra Covid-19. O estudo é tema de artigo técnico que o professor, com doutorado em Engenharia Mecânica, em fase de conclusão, pela Universidade da Beira Interior, de Portugal, submeteu para publicação na revista Suíça, Energies, juntamente com dois colegas professores Pedro Gaspar e Heraldo Souza (imagem abaixo).

Fonte: Imagem do início do artigo original, em inglês.**

Segundo Santos, cada vacina, pelas suas características, tem uma temperatura certa para ser mantida refrigerada, exigindo determinado tipo de equipamento e fluido refrigerante. “Na vacina da Pfizer, por exemplo, o GWP do fluido refrigerante que utiliza, o R-508b, é 14 mil. Seria quase quatro vezes o do R-404A, que já é muito alto. Como essa vacina precisa estar refrigerada a -70 °C, o fluido refrigerante necessário é superespecial”, afirma o pesquisador. Veja as temperaturas de armazenamento de diferentes vacinas na Tabela abaixo:

  Fonte: Tabela 1, com tradução, do artigo original em inglês.

Como as vacinas estão sendo compradas por diferentes países, com diferentes situações de clima e logística, este tipo de informação, sobre os impactos dos fluidos refrigerantes de cada uma, é bastante relevante. “No estudo, eu detalho o histórico de criação e aprovação das vacinas contra Covid-19 no Brasil e em diferentes países, como Argentina e Estados Unidos. Mostro também as características de cada uma das vacinas que estão sendo utilizadas no Brasil, criando tabelas com as temperaturas necessárias de armazenamento”, explica.

O trabalho científico do professor incluiu um cálculo baseado num reservatório para 100 mil doses de vacinas, com a demonstração da carga térmica necessária para cada uma delas, além do detalhamento das características dos compressores. “Eu detalho no estudo o cálculo que fiz da necessidade de fluido refrigerante para cada vacina e descrevo o valor de emissão de carbono, correspondente. Além disso, faço um cálculo sobre a demanda de energia elétrica necessária para a refrigeração de cada vacina”, explica Santos. Ele usa a metodologia do TEWI (Impacto Total Equivalente de Aquecimento Global), onde se soma os impactos diretos (fluido refrigerante) e indiretos (matriz energética) para conseguir mensurar os impactos totais de emissão do CO2 pelos equipamentos de refrigeração. Veja a imagem abaixo:

Fonte: Figura 4, com tradução, do artigo original em inglês.

Ao final do estudo, o professor apontou, como conclusão, a comparação das emissões de carbono na refrigeração das vacinas com o número de carros em circulação, inspirado em cálculo semelhante de estudo do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), que relaciona vazamentos de HCFCs, com quilômetros rodados. Os cálculos de Santos (veja imagem abaixo) mostram que as vacinas CoronaVac e Astra-Zeneca-Oxford são ambientalmente mais eficientes.

Fonte: Figura 8, com tradução, do artigo original em inglês. – Referência nº 35 do artigo: ECCAPLAN. Calculadora para Emissão de Carbono.

O professor Santos, da ETP, além deste estudo, tem outros que apontam especialmente sobre o clima e a refrigeração, destacando o uso de fluidos naturais. 

*A ETP, do Paraná, juntamente com o Senai Rio de Janeiro, são as duas escolas que terão laboratório de fluidos refrigerantes naturais (com mini supermercado), especialmente para viabilizar os novos cursos de “Treinamento e Capacitação de Mecânicos e Técnicos de Refrigeração para Uso Seguro de CO2 e HC-290, em Sistemas de Refrigeração Comercial”. Estes cursos fazem parte das ações do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, com implementação da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

** Artigo completo disponível em: https://www.mdpi.com/journal/energies/special_issues/covid_energy_economic_environmental_social_policy_health