MERCOFRIO 2024 debateu sobre o futuro sustentável do setor AVAC-R, destacando as boas práticas em refrigeração

O segundo dia do evento contou com palestras sobre a Estratégia Brasileira para a Implementação da Emenda de Kigali e da Etapa III do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH – Projetos para o Setor de Serviços). Na foto os representantes do MMA/PNUD, GIZ e UNIDO, junto com o Diretor Executivo da ASBRAV, Marcelo Pereira (centro).

A sustentabilidade, com foco na eficiência energética e nas boas práticas em refrigeração, foi um dos principais temas do MERCOFRIO 2024 – 14º Congresso Internacional de Ar Condicionado, Refrigeração, Aquecimento e Ventilação, que aconteceu de 10 a 12 de setembro no Barra Shopping Sul, em Porto Alegre.

O presidente da ASBRAV, Mário Henrique Canale, destacou na abertura do evento a importância do MERCOFRIO como evento internacional, especialmente “para fortalecer a responsabilidade de todos do setor em relação ao meio ambiente”.

Com o tema “Futuro do Planeta: Transformações Tecnológicas e Responsabilidades do Universo AVAC-R”, o MERCOFRIO, organizado pela Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (ASBRAV), foi um sucesso, contando com grande participação do público (engenheiros/as, técnicos/as, especialistas, autoridades, empresários/as, entre outros).

O evento também contou com uma área de exposição onde empresas do setor apresentaram as mais recentes soluções tecnológicas para o mercado.

Emenda de Kigali

Na quarta-feira, 11 de setembro, segundo dia do evento, Frank Amorim, analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, apresentou a palestra: Estratégia Brasileira para a Implementação da Emenda de Kigali.

Ele explicou que atualmente o ministério, com apoio das agências implementadoras internacionais — Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) e Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH —, está dando andamento à fase preparatória de implementação da Emenda no país.

“Esta fase, para a qual contamos com todo o apoio do setor AVAC-R, estabelecerá as bases para a elaboração da estratégia abrangente que nos guiará a redução do consumo dos Hidrofluorcarbonos (HFCs) no Brasil, como define a Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal, ratificada pelo País em outubro de 2022”, disse.

A Emenda de Kigali será implementada em etapas, entre os anos de 2024 e 2045, e resultará na redução de consumo de 80% da linha de base (ou linha de referência), definida em aproximadamente 79,5 milhões de toneladas de CO2eq, representando um avanço significativo no enfrentamento às mudanças do clima.

Segundo Frank Amorim, diversas reuniões e eventos estão sendo organizados para que ocorra a maior participação do setor privado e da sociedade civil, nesta fase. Entre eles, ele destacou a Reunião com a Diretoria da ASBRAV ocorrida na manhã do dia 11 (foto), além dos próximos eventos agendados: a Cerimônia de Comemoração do Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio, no dia 16 de setembro, e o Workshop de Preparação da Implementação da Emenda de Kigali, no dia 17 de setembro, ambos em São Paulo (SP).

“Estamos empenhados em fazer uma gestão bem participativa para obtermos dados e informações para a melhor elaboração da estratégia de implantação da Emenda de Kigali no país. A opinião do setor privado, por meio das suas associações, é fundamental, para o sucesso das ações que serão empreendidas nos próximos anos”, complementou.

Reunião das equipes do MMA/PNUD, UNIDO e GIZ com a diretoria da ASBRAV: boas sugestões do setor privado para a fase de preparação da implementação da Emenda de Kigali.

Etapa III do PBH

Na sequência da palestra de Frank Amorim, no mesmo dia 11, foi a vez de representantes das três agências implementadoras, parceiras do PBH, falarem ao público do congresso sobre a implementação da Etapa III do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH) – Projetos para o Setor de Serviços, que se iniciará no próximo ano (2025). Na palestra, o PNUD foi representado por Frank Amorim (em nome de Ana Paula Leal, ausente por motivo de doença); a UNIDO, representada por Sérgia Oliveira e Edgar Soares; e a GIZ, representada por Stefanie von Heinemann.

Esta terceira etapa do PBH contará com recursos da ordem US$ 36,5 milhões de dólares (conforme foi aprovado na 94ª Reunião do Comitê Executivo do Fundo Multilateral para a Implementação do Protocolo de Montreal – FML) para apoiar o país a alcançar a meta de eliminar em 100% o consumo de HCFCs até 2030. Adicionalmente, esta etapa tem também o objetivo de promover o uso seguro e eficiente de fluidos refrigerantes alternativos que não destruam a Camada de Ozônio, de baixo GWP e que proporcionem maior eficiência energética.

Os representantes das Agências Implementadoras do PBH abordaram as principais ações previstas para a Etapa III do PBH, além de fazerem um resumo dos resultados das Etapas I e II.

A seguir um resumo com os principais tópicos da Etapa III:

  • Recuperação, Reciclagem e Regeneração (R&R&R), com o fortalecimento de 6 Centros de Regeneração e Armazenamento (CRAs) e a ampliação com 3 novas unidades (projeto a ser implementado pelo PNUD);
  • Assistência Técnica para o Setor de Ar Condicionado Comercial e Industrial, com implementação de 62 projetos demonstrativos de tecnologias de maior eficiência energética e baixo GWP (projeto a ser implementado pelo PNUD);
  • Capacitação, Treinamento, Qualificação para a Contenção de Vazamentos e o Manejo Seguro de Fluidos Refrigerantes, incluindo o uso seguro de fluido alternativos de baixo GWP, com a capacitação de mais 4 mil técnicos em sistemas de refrigeração comercial e mais 9 mil técnicos em sistemas de ar condicionado split (projeto a ser implementado pela GIZ);
  • Projeto Piloto de Qualificação, Certificação e Registro (QCR) de técnicos/as em RAC no Brasil (projeto a ser implementado pela GIZ);
  • Capacitação e Treinamento para o Manejo Seguro de Fluidos Refrigerantes Uso Seguro de Fluido Alternativos de Baixo GWP Treinamento no setor de serviços em ar condicionado residencial e refrigeração comercial, em universidades brasileiras (projeto a ser implementado pela UNIDO);
  • Treinamento e qualificação sobre boas práticas no setor de serviços de refrigeração industrial
    para uso seguro do R-717 como fluido alternativo ao HCFC-22 (projeto a ser implementado pela UNIDO);
  • Assistência Técnica para o Setor de Refrigeração Comercial e Industrial (projeto a ser implementado pela UNIDO).

 

 

Por Susana Ferraz, consultora de comunicação da GIZ, com apoio de Stefanie von Heinemann, consultora e gerente de projetos GIZ (fotos).