Senai Porto Alegre forma a sua 1ª Turma Feminina do curso do PBH

A Escola SENAI Visconde de Mauá, localizada em Porto Alegre (RS), formou a sua 1ª turma feminina do curso gratuito de “Boas Práticas para Melhor Contenção do HCFC-22 em Sistemas de Ar Condicionado do tipo Janela e Mini-Split”. A turma, com 15 alunas, teve aulas aos sábados, entre os dias 22 de julho e 13 de agosto deste ano. 

O curso ocorre no âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), e implementado pela Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. 

“Esta iniciativa une vários elementos importantes. Primeiro, evidencia essa excelente parceria com o programa e o foco na pauta ESG (ambiental, social e governança). E, em segundo, uma turma exclusiva de mulheres na refrigeração faz com que elas se vejam em novas posições, com espaço para ampliar suas carreiras, e perceberem que ‘elas podem’. Eu acho que nós temos um papel fundamental, na questão do gênero, de abrir espaço para que as mulheres estejam mais presentes na refrigeração, ou onde elas quiserem estar. Mas sempre com diversidade, equidade e inclusão. Juntos, homens e mulheres”, afirma Jussânia Gnoatto, gerente de operações da Escola SENAI Visconde de Mauá.

A escola tem como meta formar neste ano, de 2023, no curso de Boas Práticas do PBH, com 32 horas, 105 alunos (as), para isto está ampliando a divulgação do curso, por meio de parcerias com a indústria e com o comércio da área de refrigeração. Em 2024, terá mais 60 vagas disponíveis. As vagas são conforme a demanda dos profissionais, seja para turmas femininas, masculinas ou mistas. São turmas formadas com até 16 alunos cada, com aulas à noite ou aos sábados.

Gurias do Frio

Segundo Marcelo Pereira, coordenador técnico de Educação Profissional, a ideia de criar uma turma exclusiva de mulheres já estava sendo planejada há algum tempo pela escola, mas ainda faltava a adesão de mais mulheres nas inscrições. “Foi uma satisfação receber a visita de uma representante do grupo autodenominado ‘Gurias do Frio’, que descobriu recentemente a existência deste curso do PBH aqui no SENAI, e se comprometeu a nós apoiar com a realização de uma turma só de mulheres, incentivando as inscrições”, explica o coordenador. “Com isso, pudemos formar essa primeira turma. Esperamos que seja a primeira de muitas. Em outubro, ‘mês Rosa’, por exemplo, vamos fazer vários eventos em homenagem às mulheres na escola, e esperamos formar diversas turmas femininas em diversos cursos (gestão, alimentos, metalmecânica, etc.) e também queremos programar outra turma feminina neste curso do PBH na área de refrigeração”, afirma.

A representante do grupo Gurias do Frio, Gisieli Severo, foi uma das formandas desta 1ª turma. Ela tem 31 anos e trabalha há cerca de 12 anos na área de refrigeração, com o marido, com empresa própria, Severo Climatização. Ela foi quem conversou com o Marcelo. “No começo, senti muito medo de me mostrar como profissional da área, mas depois aprendendo e estudando, e também vendo o exemplo de outras técnicas mulheres de outros estados (como a Jossineide Oliveira, de Rondônia, a Carmosinda Santos, de São Paulo, e tantas outras) e acompanhando o movimento “Elas na Refrigeração”, eu resolvi começar a nos mostrar como um ‘casal de refrigeristas’. Hoje eu e meu marido temos um canal no Instagram “Casal no HVACR” com mais de 10 mil seguidores… Meu objetivo é incentivar outras mulheres, de outros técnicos, a se firmarem como profissionais, junto com seus maridos”, conta. “Também foi por isso que formamos o grupo ´Gurias do frio’, em 2019, para incentivar mais mulheres aqui do Sul a se profissionalizaram na área, por meio da troca de informação e da promoção de cursos, por meio de parcerias. Hoje nosso grupo tem 40 mulheres. Nesta turma, aqui no SENAI, conseguimos reunir 15 mulheres formadas. Todas as profissionais da área de refrigeração: técnicas de campo, instaladoras, vendedoras, empresárias, etc. Tenho certeza de que depois do sucesso desta edição só de mulheres, teremos outras turmas”, explica. “Este curso é maravilhoso, além de prover muito conhecimento, ele empodera as mulheres (as técnicas), porque o conhecimento liberta, ele mostrar que nós sabemos e nós podemos atuar na refrigeração e climatização.”

Família Refrigeração

Especialmente na área de sistemas de ar condicionado existem muitas famílias de refrigeristas, homens e mulheres, atuando em conjunto, especialmente em pequenas empresas, mas nem sempre as mulheres percebem a oportunidade de atuarem como técnicas em campo e se capacitarem na área. Nesta turma de mulheres formada do SENAI Porto Alegre, da mesma forma que Gisiele, há diversas outras, com histórias semelhantes. Todas elas membros do grupo “Gurias do Frio”.

“Meu marido se formou em 2006 aqui no SENAI como técnico de refrigeração. Eu trabalhava em banco… Depois de casados, em 2009, comecei a me interessar pelo setor para poder ajudá-lo. Eu o incentivei a abrir nossa própria empresa. No começo, íamos instalar os equipamentos de ar-condicionado de ônibus… era bem difícil, mas sempre fomos bem cuidadosos e assim fomos crescendo. Eu me apaixonei pela profissão”, diz Thainá Rodrigues, 33 anos, 4 filhos, cuja empresa, a Work Climatização, já tem mais de 10 anos.

Thainá adorou o curso de Boas Práticas do PBH especialmente pela boa didática dos instrutores, Handerson Leão e Geferson Moura. Ela conseguiu aprender coisas que achava que não conseguiria. “Gostei muito da parte dos fluidos refrigerantes, dos cálculos de carga térmica… No curso, eu percebi que tudo que meu marido falava que eu podia fazer, e eu achava que não, eu realmente sou capaz de fazer e, agora, posso incentivar outras mulheres a fazerem. Os professores também me incentivaram muito… Com isso, eu acabo de me inscrever no curso de técnico em refrigeração, que tem dois anos. Vou fazer aulas EAD durante a semana e aos sábados aulas presenciais”.

Graziela Schumann, 34 anos, dois filhos, também atua com seu marido no setor, na Porto Sul Climatiza, há seis anos. “Meu marido foi crescendo na profissão, passou de ajudante, para meio-oficial e depois chegou a técnico em refrigeração. Quando decidiu abrir uma empresa, eu que trabalhava em vendas, resolvi ajudá-lo. Foi ele que me incentivou a acompanhá-lo em alguns serviços. Ele foi me ensinando na prática. Também fiz alguns cursos (online, em empresas, etc.)”, ela conta. 

Graziela gostou tanto do curso de Boas Práticas no SENAI, que pretende fazer outros. “Este curso é maravilhoso! Aprendi muita técnica que na prática ainda não sabia, como utilizar alguns equipamentos. Foi meu primeiro curso no SENAI, de alguns que quero fazer daqui em diante. Estou na dúvida, se vou fazer o de mecânica em refrigeração ou o de técnico em refrigeração… acho que vou começar pelo de mecânica e depois faço o técnico. Mas vou continuar a estudar aqui no SENAI”, diz Graziela.

Empreendedorismo

As histórias das mulheres na refrigeração incluem também muitas empreendedoras. Raquel Lopes Volino, 50 anos, por exemplo, há 18 anos atua como empresária e projetista, na Reformar Climatização. “Eu venho do mercado corporativo, mas venho também de uma família que trabalhava como empreiteira na área de construção. Eu sempre gostei da parte de projeto e engenharia. Quando meu irmão fez um curso técnico no SENAI e resolveu abrir uma empresa para trabalhar com ar condicionado, eu fiquei sócia. Nós vimos na climatização um grande negócio, apesar de começarmos bem pequenos numa sala dentro da casa dos nossos pais. Nós fomos nos especializando e aprendendo. Fizemos treinamentos, e também aprendi muito lendo, sou autodidata… então fomos buscando conhecimento. Essa é uma área que inova muito, especialmente com o foco na eficiência energética”, explica. 

Raquel conta que também enfrentou muito preconceito, por ser mulher e atuar na refrigeração. Foi por isso que em 2019 começou a participar do grupo Gurias do Frio. Outra preocupação de Raquel é com a sustentabilidade. “Esse futuro do planeta depende muito de nós, na refrigeração. E o SENAI traz muito isso para nós. Foi por isso que pensamos em nos juntar e fazer um curso aqui, com essa oportunidade deste curso do PBH. Foi o meu primeiro curso de Boas Práticas. Foi um encanto para mim, adorei! Fiquei conhecendo mais profundamente esse trabalho. O professor Handerson tem uma dinâmica muito boa, um conhecimento profundo na área de refrigeração, é um grande facilitador. Enfim, foi revigorante fazer este curso. Estou saindo deste curso, deste encontro aqui com as meninas, com uma outra visão. Ainda mais depois de participar deste programa (o PBH), que mostra que alguém está olhando para o mundo e tentando buscar uma solução para termos um futuro melhor. É muito importante termos instituições (MMA-GIZ-SENAI) fazendo isso!”, afirma. 

Instrutores apoiam

O professor Handerson Leão, com 11 anos no sistema SENAI e há cinco anos atuando como instrutor na área de refrigeração do SENAI Porto Alegre ministrando cursos de Boas Práticas do PBH, deu aula pela primeira vez, neste curso, para um grupo exclusivo de mulheres. “É uma experiência diferente dar aula para uma turma só de mulheres. Foi muito bom, é dignificante, porque para muitas, por mais experiências que tivessem, elas não tinham realizado cursos de refrigeração. É o que falamos aqui, o curso de Boas Práticas do PBH acaba sendo o primeiro curso na vida de muitos profissionais da refrigeração, abrindo caminho para que queiram aprender mais e façam outros cursos”, afirma.

Como explica o instrutor, “aqui elas aprendem que há uma maneira certa de se trabalhar, com uma consciência ecológica. Assim como outros profissionais, se estão trabalhando de forma errada, não é culpa delas. É falta de conhecimento. E, depois deste curso, a gente fica feliz e satisfeito de ser um diferencial na vida delas e proporcionar esse conhecimento que abre espaço para mais aprendizagem no futuro. Elas podem agora dizer ‘agora eu entendo!’, ‘agora eu sei!’”.

Junto com Handerson, atuou nesta primeira turma exclusiva de mulheres o instrutor Geferson Rodrigues de Moura, que há 11 anos ensina no SENAI, hoje ministrando especialmente cursos rápidos na instituição, como o do PBH, e também trabalhando como técnico de refrigeração no hospital das clínicas de Porto Alegre, há um ano. “Lá no hospital eu ganho muita experiência, atuando com equipamentos novos, e aqui eu ensino, é muito bom!”. 

O instrutor Geferson também gostou bastante da experiência de dar aula para um grupo exclusivo de mulheres neste curso de Boas Práticas do PBH, seguindo a mesma metodologia para grupos masculinos ou mistos. “Elas agem como qualquer grupo, que já se conhece. O que muda, é que as mulheres são mais organizadas e têm mais energia. Elas participam muito das aulas, tiram suas dúvidas, brincam e opinam. Com os homens geralmente é diferente, muitos ficam mais retraídos e tiram suas dúvidas só num determinado momento, mas quando em grupo também têm suas brincadeiras, seus modos de expressão. Estou bem satisfeito. Foi uma oportunidade muito legal”, afirma. “Achei interessante, que este grupo reuniu algumas mulheres que trabalham como instaladoras, outras que trabalham em vendas, sabem dos produtos, mas não sabem da prática, outras que coordenam equipes de climatização e sabem da parte teórica, mas não da prática, da vivência. E todo esse conhecimento prático e teórico foi oportunizado nessas aulas. Foi bem interessante. Foi uma turma bem eclética, o que enriqueceu as aulas”, complementa.

Turmas femininas

O curso de Boas Práticas em Sistemas de Ar Condicionado faz parte de um projeto maior para o Setor de Serviços no Brasil, que ocorre no âmbito do PBH, com ações nas cinco regiões do Brasil, por meio de escolas parceiras, especialmente visando a proteção da Camada de Ozônio do planeta (confira mais informações em: https://boaspraticasrefrigeracao.com.br/nossa-missao/). 

Os cursos do PBH são gratuitos e são disponibilizados para técnicos (as) de todo o país. A proposta de realizar turmas exclusivas de mulheres foi incentivada no âmbito do programa para instar mais mulheres a realizarem esse curso. “No âmbito do PBH, nós já formamos mais de 15 mil técnicos e técnicas. Mas o percentual de mulheres nas turmas é ainda muito baixo, cerca de 5%. Por isso, incentivamos a criação pelas escolas de turmas exclusivas de mulheres”, explica Stefanie von Heinemann, consultora e gerente de projetos da GIZ PROKLIMA. A primeira turma exclusiva ocorreu neste ano na Escola SENAI Oscar Rodrigues Alves, em São Paulo, e depois dela, duas outras turmas femininas foram formadas na escola. Portanto, esta turma do SENAI Porto Alegre já é a quarta turma exclusiva de mulheres neste curso do PBH no Brasil, e a primeira no Sul do País. Leia mais notícias sobre as turmas femininas em: 

https://boaspraticasrefrigeracao.com.br/1a-turma-feminina-do-curso-de-boas-praticas-em-sistemas-de-ar-condicionado-acontece-no-senai-sp/

https://boaspraticasrefrigeracao.com.br/novas-turmas-femininas-do-curso-de-boas-praticas-em-sistemas-de-ar-condicionado-acontecem-no-senai-sp/

 

Informações e inscrições nos cursos do PBH em Porto Alegre:

Centro de Formação Profissional SENAI Visconde de Mauá – Porto Alegre (RS)

WhatsApp: (51) 3904-2615 – www.senairs.org.br/