Frank Edney Gontijo Amorim, engenheiro eletricista e analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente*, fala a seguir sobre a importância da atualização dos conhecimentos teóricos e práticos pelos técnicos de refrigeração e do curso de “Boas Práticas em Sistemas de Ar Condicionado do Tipo Janela e Mini-Split”*, especialmente para aqueles que quiserem se manter ativos no mercado, com aumento de renda.
Confira:
Eliminação do R-22 e capacitação
“Hoje, o mercado começou a entender que a eliminação dos HCFCs é uma realidade. O fluido frigorífico R-22 começa a ficar mais caro e os técnicos começam a perceber que precisam mudar a forma de trabalhar e que precisam buscar capacitação para o aprimoramento do trabalho.
A capacitação é muito importante para que os técnicos dominem todas as técnicas e procedimentos para se evitar vazamentos. Nós sabemos que os benefícios diretos são o melhor funcionamento dos equipamentos refrigerados, a redução dos custos de operação e manutenção e a preservação ambiental, tanto da Camada de Ozônio quanto do sistema climático global. Mas também é preciso entender que isso reduz os custos dos técnicos, das empresas prestadoras de serviços e dos clientes (empresas ou residências), uma vez que o trabalho realizado da forma correta reduz as inda e vindas para consertos e reparos.
O técnico precisa olhar a capacitação por cursos técnicos com bons olhos, porque um técnico que faz um trabalho bem feito tem retorno financeiro. A confiança que ele ganha do cliente (consumidor ou empresa) é excepcional. Sem falar na propaganda de boca a boca, pois quando a gente acredita em um profissional, nós recomendamos seus serviços.
Atualmente estão disponíveis gratuitamente os cursos da Etapa 2 do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs – PBH (programa coordenado pelo Ministério e implementado pela GIZ), nas cinco regiões do Brasil, por meio de boas parcerias com escolas técnicas renomadas (Escolas Senai, Institutos federais e outras). Essas escolas dispõem de instrutores bem capacitados, com vivência no setor e boa formação, e, portanto, capazes de replicar com qualidade os cursos oferecidos pelo Programa.“
Programa PBH e formato dos cursos
“Os treinamentos foram desenhados da seguinte forma: treina-se primeiramente uma equipe de professores-instrutores e esses multiplicam os conhecimentos adquiridos, bem como a metodologia aplicada, pelo Brasil. A metodologia desenvolvida contempla a utilização de uma série de materiais: apresentações, apostilas de treinamento**, etc., que alia conhecimento teórico e prático (15% das aulas são teóricas e 85% práticas), porque entendemos a necessidade de enfatizar na área de refrigeração a metodologia do “aprender fazendo”.
É um programa único e que faz diferença para as pessoas, empresas e setores envolvidos, porque nele é realizado um trabalho contínuo de multiplicação de conhecimento, que impacta todo o modo de fazer e a cultura do mercado de refrigeração no País.“
Novos fluidos: desafios
“Nós vemos que os desafios futuros na área da refrigeração são enormes. Os técnicos terão de se qualificar melhor para a utilização das novas substâncias que devem chegar ao mercado com a eliminação do HCFC-22.
Eles precisam se preparar, atualizar os conhecimentos, principalmente para a aplicação dos procedimentos de boas práticas para operar com os outros tipos de fluídos frigoríficos.
As novas substâncias (de fluidos frigoríficos) exigem melhor capacitação e responsabilidade em relação à segurança e, especialmente, respeito ao consumidor, para a realização de serviços técnicos de qualidade. Elas têm propriedades químicas totalmente diferentes do R-22. Algumas são inflamáveis, outras tóxicas, então a responsabilidade sobre vazamentos é muito maior. Assim, tudo o que o curso de Boas Práticas do PBH ensina sobre evitar vazamentos poderá ser aplicado com essas novas substâncias. Esses conhecimentos básicos precisam ser assimilados pelos técnicos.”
Empresas têm grande responsabilidade
“É um desafio bastante grande tanto para os técnicos quanto para as empresas, especialmente das prestadoras de serviços. Essas empresas têm responsabilidade e precisam investir nos seus técnicos, apoiando-os com capacitação e treinamento adequado, seja com capacitações nas instalações da própria empresa, seja por meio de cursos técnicos em alguma instituição qualificada.
O desafio será evitar riscos maiores. Quando a gente fala de R-22, o risco é baixo. Mas quando falamos de fluídos alternativos, os riscos associados podem ser maiores. À medida que vai se eliminando o R-22 a responsabilidade de técnicos e empresas crescem.
Quem realizar um serviço de refrigeração e/ou climatização precisará realmente ter conhecimento do que está fazendo, e precisará, também, se responsabilizar pelo trabalho realizado e resultados. A mensagem fundamental para os técnicos é: Nunca parem de estudar!
A gente nunca é dono do conhecimento. A gente nunca tem o conhecimento pleno de nada. Estamos sempre aprendendo. O conhecimento não é pontual, não. A gente precisa aprender técnicas, conhecer o mercado, buscar inovações, saber o que está acontecendo.”
Eficiência e retorno monetário
“A responsabilidade do técnico de refrigeração e climatização hoje vai muito além da instalação ou manutenção de um equipamento, a responsabilidade também é ambiental, para não ter vazamento.
Há também a responsabilidade sobre a eficiência energética, pois um equipamento mal instalado consume mais energia. É preciso saber especificar a carga correta de fluido para o sistema. São inúmeras habilidades que o técnico precisa adquirir, por isso é preciso que esse profissional seja reconhecido e remunerado adequadamente pelo mercado. E isso só irá acontecer quando o técnico provar para as pessoas e clientes que ele é um profissional qualificado. Assim o retorno monetário e o reconhecimento pelo trabalho de qualidade acontecem.”
*Frank, 42 anos, é analista ambiental da Coordenação-Geral de Proteção da Camada de Ozônio, da Secretaria de Mudança do Clima e Florestas do Ministério do Meio Ambiente. O engenheiro, especialista na área, atua na equipe responsável pela coordenação do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), que inclui a implementação do curso “Boas Práticas em Sistemas de Ar Condicionado do Tipo Janela e Mini-Split”.
** As apostilas estão disponíveis para download. Acesse: www.boaspraticasrefrigeração.com.br