Skip to content

COOL TALKS PBH: “A maior utilização dos fluidos naturais é essencial para o Brasil!”

Entrevista

JOANA BERCHT CANOZZI é diretora de Engenharia da COPELAND-Emerson Climate, e diretora de Marketing da ABRAVA. Nesta entrevista, ela fala sobre temas como a importância dos fluidos refrigerantes naturais para o setor e o país.

Por favor, fale um pouco da sua carreira na Engenharia.

Meu avô e minha tia eram engenheiros e foi natural, pelos exemplos na família, eu escolher atuar na engenharia. Inicialmente eu escolhi a faculdade de engenharia de alimentos, mas em meados do curso eu percebi que queria mesmo era atuar com a engenharia química. Mesmo assim completei a faculdade. E, na sequência, fiz mestrado na engenharia química e comecei a atuar nessa área.

Todas as minhas experiências profissionais na sequência (Linde Gases, Chemours, etc.) foram no ramo químico e essa foi a porta para eu conhecer melhor sobre a área de refrigeração e ar condicionado e, também, sobre os fluidos refrigerantes e sua relação com a proteção da Camada de Ozônio e com as Mudanças do Clima.

Hoje, na COPELAND, a gente tem uma das ofertas mais completas para o setor (compressores, automação, dispositivos, etc.) e, com isso, eu continuo trabalhando no B2B (business to business, ou “empresa para empresa”), mas passei de uma engenheira de aplicação, para diretora de engenharia, com uma equipe de 10 engenheiros (1 engenheira mulher) e responsável pela América Latina.

 

Como surgiu a oportunidade de trabalhar para o setor, por meio da ABRAVA?

Após 2017, entrei na Chemours, e comecei atuar na aplicação técnica e também na promoção de produtos. Por isso, comecei também a participar da ABRAVA, e foi como se abrisse um mundo, o mundo da refrigeração. Atuei pela ABRAVA na tradução/aprovação de algumas normas técnicas importantes (ex.: ABNT NBR ISO 5149) no âmbito do Comitê (CB-55) da ABNT. Atuei também em diversos comitês da associação, o que abriu as portas para eu ser chamada a participar do Comitê de Mulheres da ABRAVA, pela professora Anna Cristina Carvalho (vice-presidente na 1ª gestão). A Chemours tinha uma estratégia muito forte na inserção feminina, o que também me incentivou a participar ativamente do Comitê de Mulheres, pela minha atuação como mulher e técnica da área.

Você sentiu alguma vez o preconceito por ser mulher na engenharia?

Eu não senti esse preconceito contra a mulher, porque dentro de casa eu sempre fui muito apoiada e encorajada pela minha família e até na faculdade tudo ocorreu muito bem. Minha turma de engenharia de alimentos era 90% feminina, mas convivíamos com outras turmas masculinas, sem problemas. Confesso que só percebi algumas ações de preconceito quando entrei no setor de refrigeração, mas foram pontuais.

A minha motivação para entrar no Comitê de Mulheres e ser vice-presidente foi principalmente por empatia. Eu queria entender melhor diversas situações pelas quais passavam as minhas colegas mulheres, técnicas, gestoras e engenheiras do setor de refrigeração e ajudar a abrir novas oportunidades para elas. Inclusive eu trouxe uma colega, membro do Comitê, para a minha equipe na COPELAND (a engenheira Ana Carolina Rodrigues). Foi um grande aprendizado.

Foto marca a participação de Joana no evento “Elas por Elas no AVAC-R”. Foi o primeiro passo que a levaria a se vice-presidente do Comitê de Mulheres da ABRAVA.

Hoje a sua participação continua forte na ABRAVA, como membro do Comitê de Mulheres e, na gestão atual, como diretora de Marketing. Como se deu essa evolução?

Na Chemours, eu aprendi o básico da área de marketing, porque aqui no Brasil a atuação do engenheiro de aplicações vai muito em linha com a comunicação e marketing da empresa. Nós damos suporte aos clientes, solucionando problemas técnicos, mas também atuamos na promoção e marketing, gerando dados (comunicação direta e simplificada) e apoiando ações.

Quando surgiu essa posição na diretoria de marketing da ABRAVA, eu fui indicada pelas colegas do Comitê de Mulheres, que entenderam como fundamental nossa participação também na estrutura da entidade.

Eu gostei muito desse novo desafio, porque vi nele a oportunidade de expandir meu conhecimento também na área de comunicação, que aliás, na ABRAVA é formada por mulheres (como é tendência neste setor).

Atualmente, na Etapa II do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), o MMA e a GIZ atuam pela igualdade de gênero na refrigeração criando turmas de cursos de Boas Práticas em Refrigeração exclusivas para mulheres, além de vídeos, etc. E na Etapa III, que deve iniciar ainda este ano, mais ações estão previstas.

 

Qual a sua opinião sobre essas ações?

Eu acho muito importante a questão da igualdade, mas acima disso temos de focar na equidade. Eu entendo que tenham diferenças entre mulheres e homens e acho válido que tenha uma turma do curso do PBH só de mulheres, porque aí podemos perceber os desafios delas e apoiá-las, oferecendo um curso que faz sentido na vida e carreira delas. Essas ações abrem portas para essas mulheres. E eu apoio demais iniciativas como essa!

 No final de março, foram iniciadas as primeiras turmas do novo curso do PBH para Uso Seguro e Eficiente de Fluidos Inflamáveis em Sistemas de Ar Condicionado, como o R-290. Em junho, será inaugurado o 1º LABORATÓRIO DO BRASIL – MODELO MINI SUPERMERCADO – COM FLUIDOS REFRIGERANTES NATURAIS: CO e R-290 na escola FAPRO/ETP, em Curitiba-PR, realizado no âmbito do PBH.

Na sua visão, qual a importância da maior utilização dos fluidos naturais no país?

Eu considero essencial viabilizar a maior utilização dos fluidos naturais, inclusive os inflamáveis. Este é o ponto chave da discussão no setor, no Brasil, hoje. A questão do maior uso de fluidos naturais, como o CO₂ e o Propano, está bem desenvolvida. Contudo, a questão agora é como fazer a capacitação da mão de obra para utilizar e manter essas tecnologias, buscando evitar qualquer acidente. Então, eu acho que o trabalho desenvolvido pelo PBH (MMA e GIZ) com foco em supermercados, onde está sendo muito usado o propano, é essencial. É vida para o setor. O meu desafio aqui na COPELAND é pensar em como ajudamos a acelerar esse processo. A qualificação é primordial! E essa ideia de montar um mini supermercado para esses treinamentos é “de tirar o chapéu”.

 

Na Etapa III do PBH, está previsto um projeto piloto de certificação para os técnicos/as em refrigeração. Qual a sua opinião sobre a importância da certificação dos técnicos/as no país?

É muito importante a certificação. Ainda mais para algumas áreas, como a de supermercados (refrigeração comercial), onde há muita rotatividade de mão de obra, e se utiliza muito o propano. A certificação é um grande desafio. Este tema nos interessa e muito. A COPELAND tem no México um laboratório que tem a estrutura para fazer a certificação de técnicos/as, que é realizada em parceria com o governo. Acho que vale a pena conhecerem esse trabalho. Estamos à disposição para apoiar esse processo aqui no Brasil. Só a certificação dará a confiança para o cliente, que contrata o serviço do/a técnico/a, para instalarem e manterem equipamentos com fluidos naturais.

POR FAVOR COMPLEMENTE AS FRASES:

“Hoje na minha visão o maior desafio da refrigeração é… a implementação dos fluidos naturais inflamáveis, aliados à eficiência energética.”

“Eu gosto do meu trabalho porque… eu encontro propósito em contribuir para a melhoria da vida das pessoas e do meio ambiente, trabalhando por um mundo melhor para todos/as!”

COOL TALKS – Por Susana Ferraz, jornalista, consultora de comunicação integrada da GIZ_PBH (Sete Estrelas Comunicação).

COOL TALKS PBH: “PRECISAMOS DE MAIS PROFISSIONAIS CAPACITADOS PARA TRABALHAR COM FLUIDOS REFRIGERANTES NATURAIS”

Com mais de 15 anos de experiência em Ventilação Industrial, Vanderlei Giareta, CEO da Giareta Soluções, vice-presidente do IIAR Chapter Brasil e coordenador do Comitê Técnico de Refrigeração Industrial – ASHRAE Brasil (2023-2024), fala sobre as plantas industriais com amônia e das perspectivas para maior utilização dos fluidos naturais no Brasil.

Ler Tudo

COOL TALKS PBH: “PESQUISA É EXTREMAMENTE MOTIVADORA E DESAFIADORA, PORQUE NÓS TRABALHAMOS COM AS INOVAÇÕES QUE VÃO ACONTECER NA INDÚSTRIA!”

Dr. Enio Pedone Bandarra Filho, 53 anos, é um dos mais renomados cientistas brasileiros da área de Refrigeração. É professor titular da UFU e bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq, nível 1B. Nesta entrevista, ele fala sobre sua carreira e, em especial, sobre pesquisas nas áreas de novos fluidos refrigerantes e naturais.

Ler Tudo