Skip to content

COOL TALKS PBH: “AMPLIAR A CONSCIENTIZAÇÃO, POR MEIO DA DIFUSÃO DOS BONS EXEMPLOS, PARA QUE TODOS UTILIZEM E MULTIPLIQUEM AS BOAS PRÁTICAS DE REFRIGERAÇÃO NO BRASIL”

Entrevista

Gutenberg da Silva Pereira é doutor em engenharia mecânica, e, nesta entrevista, ele fala sobre sua carreira, incluindo seu trabalho recente como professor-consultor no Treinamento dos Treinadores implementado pelo PBH.

POR FAVOR, FALE UM POUCO DO INÍCIO DA SUA CARREIRA NA ÁREA DE REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO?

Eu comecei no Escola Técnica Senai de Santo Amaro, em Recife (PE) com 14 anos, quando fiz um curso de mecânico de refrigeração. Depois disso, fui estagiário na indústria Coca-Cola, atuando em instalações com Amônia. Na sequência, participei da Olimpíada do Conhecimento na área de refrigeração e tive a sorte de ficar em 1º lugar no Brasil. Em 1999 fui representar o Brasil na World Skills – Olímpiada Internacional, no Canadá. Foi uma boa experiência de vida, pois nem sempre vencemos, mas sempre aprendemos. Quando voltei fui contratado pelo Senai Santo Amaro de imediato, como instrutor, onde atuei por 11 anos.

Durante meu trabalho no Senai entre outras atividades e bons momentos, eu treinei o Jair Ozi que foi campeão das Olimpíada do Conhecimento e, depois, foi para o mundial na Coréia do Sul, em 2001, e ficou em 7º lugar.

POR FAVOR FALE SOBRE A SUA FORMAÇÃO NA ÁREA…

Além do curso de mecânico e técnico em refrigeração e eletrotécnica, eu me formei em física e, depois fiz mestrado e doutorado em Engenharia Mecânica, ambos com estudos voltados para a área de refrigeração. Nesta ocasião tive a oportunidade de estudar, por exemplo, o início da aplicação do CO no Brasil (caso Bitzer/Supermercado Verde Mar).

EXPLIQUE, POR FAVOR, COMO INICIOU SEU TRABALHO EM PROL DO PBH?

Depois de atuar no Senai Recife por 11 anos, ministrei aulas em vários cursos técnicos e iniciei minha carreira de consultor. Eu fui contratado em 2009 pelo PNUD/MMA (https://www.undp.org/pt/brazil/pnud-no-brasil) como consultor na área de refrigeração e ar condicionado na Fase 1 do PBH, para a montagem do programa, que é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Foi uma época de muita aprendizagem. (https://www.gov.br/mma/pt-r/assuntos/climaozoniodesertificacao/camada-de-ozonio/acoes-brasileiras-para-protecao-da-camada-de-ozonio)

Entre 2010 e 2011, fui contratado como especialista da área pelo PNUD nos projetos do PBH, quando morei em Brasília. Já em 2012 iniciei meus trabalhos como consultor da GIZ BRASIL, onde atuei por cinco anos trabalhando na implementação de projetos, como apoiar a criação e implementação dos primeiros cursos de Boas Práticas do PBH. Em 2019 fui também consultor do PNUD/MMA para um projeto sobre fluidos refrigerantes (utilização e tendências) e fiz diversos outros trabalhos de consultoria, inclusive para a empresa alemã Heat Internacional.

FALE TAMBÉM UM POUCO DO SEU TRABALHO RECENTE EM PERNAMBUCO, COMO EMPRESÁRIO?

Em 2019 abri uma pequena empresa na área, em Recife, para manutenção de equipamentos de ar condicionado. Como as empresas já estavam começando a aplicar o Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) (https://abrava.com.br/a-abrava/pmoc-perguntas-e-respostas/), nesta época havia uma grande demanda de trabalhos na área. Assim, pude atuar em vários tipos de organizações (redes de lojas, hospitais, etc.). Além disso, continuei a trabalhar também como consultor direto de empresas, para apoiar o gerenciamento técnico da implantação do PMOC. Este início como empresário e consultor de empresa foi um grande desafio. Mas também me trouxe uma experiência muito boa.

NA SUA VISÃO, COM TODA A SUA EXPERIÊNCIA, QUAL O MAIOR DESAFIO AO OBJETIVO DE CONSCIENTIZAR OS TÉCNICOS DA IMPORT NCIA DE SE EVITAR VAZAMENTOS DE FLUIDOS REFRIGERANTES?

A conscientização é complexa e representa um grande desafio, que todos nós da refrigeração precisamos enfrentar, porque as pessoas, os técnicos, e todos os envolvidos na área (distribuidores, empresários, etc.), já têm suas ideias preconcebidas e precisam de conhecimento e tempo para mudar. Meu trabalho tem sido todo focado na orientação e, especialmente, em dar exemplo. Eu sempre procuro mostrar como se faz na prática, exemplificando as boas práticas. Assim como fazemos nos cursos de Boas Práticas do PBH que são ministrados por todo o Brasil (https://boaspraticasrefrigeracao.com.br/cursos/).

Somente a prática diária do recolhimento deixa claro para o técnico a importância de se evitar vazamentos. Portanto, somente realizando várias vezes o recolhimento, ele percebe de fato os ganhos para ele, em valor, para o cliente, em bons serviços prestados, e para o meio ambiente. Fazendo isso, ele jamais irá aceitar que outros técnicos façam errado na frente dele, e vai se tornar um disseminador das boas práticas. Acredito que só assim, ampliaremos a conscientização, de que o bom fluido é aquele que não vaza!

O professor Gutenberg Pereira, durante uma das aulas do Treinamento dos Treinadores realizados no Senai, em São Paulo,  e no CTGAS, em Natal,  em novembro e dezembro de 2022.

COM TODA ESSA EXPERIÊNCIA, COMO FOI TRABALHAR COMO CONSULTOR DO PROGRAMA, AO LADO DE CONSULTORES INTERNACIONAIS, DA INGLATERRA E DA ALEMANHA, NAS TRÊS EDIÇÕES DO TREINAMENTO DOS TREINADORES DOS CURSOS DE BOAS PRÁTICAS? 

Eu já tinha tido o prazer de trabalhar com outros consultores internacionais, atuando em projetos da GIZ/MMA, como o Dennis Huehren e seu pai, o Rolf Huehren; profissionais altamente capacitadas e experientes que me ajudaram muito em diversos projetos, como, por exemplo, os Projetos Demonstrativos em Supermercados (https://boaspraticasrefrigeracao.com.br/ministerio-do-meio-ambiente-e-giz-disponibilizam-dois-relatorios-tecnicos-que-demonstram-como-eliminar-os-vazamentos-de-hcfc-22-em-supermercados/). 

Mas, falando sobre a experiência recente, como consultor nacional, contratado pela GIZ, no Treinamento dos Treinadores, eu gostei muito de trabalhar com o Anthony Roy Darlow (engenheiro inglês) e com o Dennis Frieske (engenheiro alemão). Eu percebi que ambos apesar de saberem muito e terem uma visão privilegiada do setor no mundo, eles foram sempre muito humildes e não se preocuparam em ostentar esse conhecimento. Ao contrário, eles se colocaram na posição de “colegas”, tanto em relação a mim, como consultor nacional e professor nas aulas, e aos outros alunos-instrutores vindos do Brasil inteiro que participaram dos treinamentos. Com isso, o ambiente em sala de aula, nas três edições deste treinamento, foi excelente, sempre focado na troca de ideias. 

Tanto o Tony como o Dennis trouxeram muitas contribuições para os treinamentos. Falaram sobre o que já está acontecendo no mundo, em termos de tecnologias e ferramentas, quais os melhores procedimentos, e, inclusive, mostraram como simplificar algumas atividades e torná-las mais eficientes e até econômicas. Foi tudo muito proveitoso. 

 

QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE OS INSTRUTORES QUE PARTICIPARAM DOS CURSOS? COMO FOI ESTAR “DANDO AULA” PARA INSTRUTORES EXPERIENTES, CONSIDERADOR ‘MESTRES’ DA ÁREA,  E, AO MESMO TEMPO, PARA JOVENS INSTRUTORES? 

Foi maravilhoso, porque tive a oportunidade de mais uma vez compartilhar conhecimento com grandes mestres, que inclusive apoiaram na capacitação dos jovens instrutores durante todos os treinamentos. Por isso o clima nas aulas foi sempre de troca de conhecimento. 

O José Rogério (Senai-Recife), por exemplo, foi meu professor e é meu amigo pessoal. Ele participou ativamente desde o início do PBH, estudando a questão dos fluidos e ministrando aulas. Ele tem muito conhecimento  e é muito humilde, assim como outros mestres presentes no Treinamento dos Treinadores (os professores José Rodrigues, do CTGAS-Natal  e Rogério Maciel, do Senai-BH).

Foi muito bom ver nesses treinamentos colegas de outros estados e, também, ex-alunos, e poder conferir a forma como eles evoluíram em suas carreiras e estão comprometidos com a essência do PBH, que é, como falamos, implementar esse processo de conscientização nas boas práticas na refrigeração. Fiquei feliz de ter participado! Foi tudo muito bom!

 

ATUALMENTE, NA ETAPA 2 DO PBH, A GIZ COMEÇA A IMPLEMENTAR NOVOS TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO DE MECÂNICOS E TÉCNICOS DE REFRIGERAÇÃO PARA USO SEGURO DE FLUIDOS INFLAMÁVEIS EM SISTEMAS DE AR CONDICIONADO DO TIPO SPLIT. NA SUA VISÃO, QUAL A IMPORTÂNCIA DESTA INICIATIVA E DE OUTRAS, COMO ESSA, VOLTADAS A MAIOR UTILIZAÇÃO DOS FLUIDOS NATURAIS NO BRASIL?

A utilização de novos fluidos, como os naturais, já faz parte da realidade aqui no Brasil. Grandes e médias redes de supermercados já utilizam tecnologias com CO, por exemplo. Portanto, a importância desses novos treinamentos é enorme, pois há falta de mão de obra qualificada no Brasil

No caso dos hidrocarbonetos, em geral, eles já são uma realidade no exterior e é questão de tempo para começarem a ser mais utilizados aqui também. Já temos no Brasil alguns equipamentos utilizando hidrocarbonetos, como pequenos chillers, por exemplo. Além disso, temos equipamentos de ar condicionado com o R-32, que é um HFO, com baixa inflamabilidade, mas é inflamável, e por isso os técnicos precisam estar mais bem preparados no uso seguro desses fluidos.

POR FAVOR COMPLEMENTE AS FRASES:

O maior desafio do Brasil para capacitação dos técnicos de refrigeração, para evitar vazamentos de fluidos refrigerantes é… a ampliação da conscientização, por meio da difusão de conhecimento, com exemplos, para que utilizem e multipliquem as boas práticas para todos os envolvidos na cadeia de refrigeração no Brasil. Todos precisam saber que fluido bom é aquele que não vaza.

A capacitação com tecnologia de fluidos naturais e fluidos inflamáveis na minha visão é… de suma importância, pois a tendência é a maior utilização desses fluidos no Brasil e ainda temos enorme carência de profissionais qualificados para o uso seguro desses fluidos.

Eu gosto do meu trabalho… porque eu amo o que eu faço! É muito bom ser instrutor e consultor e poder disseminar conhecimento sobre a refrigeração.

GUTENBERG DA SILVA PEREIRA, E SUA VISÃO DA REFRIGERAÇÃO:

“A refrigeração é uma área que me sempre fascina muito, porque não é simples, é extremamente complexa. É um desafio todo dia, que estimula a gente, a estudar e trabalhar continuamente.”

COOL TALKS PBH: “PESQUISA É EXTREMAMENTE MOTIVADORA E DESAFIADORA, PORQUE NÓS TRABALHAMOS COM AS INOVAÇÕES QUE VÃO ACONTECER NA INDÚSTRIA!”

Dr. Enio Pedone Bandarra Filho, 53 anos, é um dos mais renomados cientistas brasileiros da área de Refrigeração. É professor titular da UFU e bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq, nível 1B. Nesta entrevista, ele fala sobre sua carreira e, em especial, sobre pesquisas nas áreas de novos fluidos refrigerantes e naturais.

Ler Tudo