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COOL TALKS PBH: “SOLUÇÃO PARA UM GRANDE PROBLEMA DA REFRIGERAÇÃO: AMPLIAÇÃO DA CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA O USO SEGURO DE FLUIDOS NATURAIS”

Entrevista

Rogério Marson Rodrigues é gerente de engenharia da Eletrofrio Refrigeração e, nesta entrevista, ele fala sobre ações que viabilizam o crescimento do uso dos fluidos naturais na refrigeração comercial no país.

Rogério Marson Rodrigues é gerente de engenharia da Eletrofrio Refrigeração, empresa parceira do PBH. Engenheiro industrial mecânico atua na Refrigeração há 33 anos, sendo 25 na Eletrofrio. Nesta entrevista, ele fala sobre ações que viabilizam o crescimento do uso dos fluidos naturais na refrigeração comercial no país e, ao mesmo tempo, reduzem o uso de substâncias que prejudicam o meio ambiente quando liberadas para a atmosfera.

 

MARSON, QUAL É A IMPORTÂNCIA DE A ELETROFRIO SER A INDÚSTRIA QUE FORNECERÁ EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PARA A CRIAÇÃO DOS DOIS PRIMEIROS LABORATÓRIOS DO BRASIL, EM ESCOLAS TÉCNICAS, NO MODELO MINI SUPERMERCADOS, COM USO DE FLUIDOS NATURAIS?

Esse novo projeto do PBH vem resolver um grande problema que nós, da indústria, teríamos: a capacitação dos técnicos no Brasil. Queríamos muito ganhar essa licitação do PBH e ganhamos! É a grande oportunidade de nós colocarmos equipamentos nas escolas e com isso obtermos grande apoio de treinamento dos técnicos. Com esses dois laboratórios nas duas escolas: ETP-Curitiba e SENAI-RJ (LINK PARA NOTÍCIA), a capacitação dos técnicos será mais rápida, prática e eficiente. E quem sabe isso incentive no futuro outras escolas no Brasil, com recursos próprios, a montarem seus laboratórios de fluidos naturais para esse tipo de treinamento. https://boaspraticasrefrigeracao.com.br/senai-rj-e-etp-pr-vencem-licitacao-para-ministrarem-novo-curso-do-pbh-para-uso-seguro-de-co2-e-hc-290/

 

COM MAIS TÉCNICOS E MECÂNICOS CAPACITADOS PARA OPERAR COM FLUIDOS NATURAIS NO PAÍS, O VAREJO, EM ESPECIAL O SETOR DE SUPERMERCADOS, PODERÁ INVESTIR MAIS EM LOJAS UTILIZANDO ESSA TECNOLOGIA?

Sim, isso vai influenciar positivamente. Essas duas escolas técnicas juntas irão favorecer bastante profissionais capacitados para o mercado brasileiro, para que evolua no tema de eliminação dos HCFCs, e amplie a entrada dos fluidos naturais na refrigeração comercial. Mas, o que vai ser o grande diferencial para que a refrigeração comercial comece a voltar seus projetos para esse tipo de sistema com fluidos naturais é a legislação, com a ratificação da Emenda de Kigali, que recentemente ocorreu.

Com a Emenda aprovada pelo Brasil nós passamos a ter uma regra a ser seguida e aí sim nós, da indústria, podemos ter mais acesso aos supermercadistas para orientá-los a usar fluidos naturais, a partir de uma regra definida. E neste contexto as duas escolas, com laboratórios de fluidos naturais, vêm junto para valorizar todo o trabalho que vem sendo feito para redução dos HCFCs.

 

EXISTE TODO UM TRABALHO DE REDUÇÃO DOS HCFCS, COM O PBH, NO ÂMBITO DO PROTOCOLO DE MONTREAL, COM METAS DE REDUÇÃO QUE VÃO DE 2013 A 2040. PARA VOCÊ, QUE ACOMPANHA ESSE PROGRAMA DESDE O INÍCIO, QUAIS OS MOMENTOS MAIS MARCANTES?

Até 2008, praticamente, tudo o que nós usávamos na refrigeração era com R-22. Já a partir das definições e regras do Protocolo de Montreal, no âmbito do PBH, nós começamos a pensar em reduzir seu uso, diminuindo a quantidade de fluidos nos equipamentos. Antes disso, nós da indústria tínhamos projetos que usavam 1,5 mil quilos de R-22 e, logo que as definições começaram a ser postas em prática no Brasil, nós resolvemos reduzir as quantidades com o uso do glicol. A introdução dos fluidos secundários na refrigeração comercial teve um grande motivo: reduzir a quantidade de R-22 que utilizávamos no Brasil. E essa redução foi muito significativa. Em poucos anos conseguimos reduzir uma grande quantidade. Quando chegamos em 2011/2012 aí nós começamos a sair do R-22, utilizando os HFCs, como o R-404 e, mais adiante, o R-134, mas já em quantidades menores, porque continuamos a usar os fluidos secundários. E assim prosseguimos. A última obra que fizemos (Eletrofrio) com R-22 foi em 2017. Depois disso só com HFCs ou Fluidos Naturais.

 

E AGORA? CONTINUAM REDUZINDO A QUANTIDADE DE FLUIDOS NOS EQUIPAMENTOS?

Mesmo enquanto a Emenda de Kigali não estava ratificada, nós, da indústria, já estávamos fazendo o processo de redução dos HFCs, porque sabíamos que seria ratificada. O uso de HFCs já era reduzido devido às tecnologias aplicadas, mas agora nós temos equipamentos que utilizam muito menos HFCs do que vinham utilizando há quatro anos. Então, quando os fluidos naturais se tornarem usuais no mercado, a quantidade de HFCs será muito menor, porque o esforço agora é de redução de uso desse fluido. Acredito que, agora, com a Emenda de Kigali aprovada, os preços dos HFCs tendem a subir e a substituição deste fluido deve se dar rapidamente. Nós, da indústria, estamos preparados com projetos, que usam a menor quantidade de HFCs possível ou que efetivamente os substituam por projetos com CO2 ou propano.

 

QUAL O PRINCIPAL PROJETO QUE VOCÊS FIZERAM COM FLUIDOS NATURAIS?

O primeiro projeto teve uma importância grande, porque foi dado o pontapé inicial. Ele foi montado em 2011 numa loja da rede de supermercados Condor aqui em Curitiba e o sucesso dele que foi o grande incentivo para que nós déssemos continuidade. Deu tudo certo. O Cliente ficou muito satisfeito. E isto fez com que avançássemos. A partir daquele momento todas as lojas do Condor, totalizando 5 unidades, seguiram com CO2 subcrítico, ainda com um pouco de HFC, mas foi um grande começo. Essa iniciativa do Condor incentivou outros varejistas a seguirem no mesmo caminho. Depois desse projeto fizemos outros, e maiores, mas ele foi o primeiro e tem toda essa importância, porque foi o grande incentivador para que continuássemos.

 

QUAL O PANORAMA ATUAL DAS LOJAS COM FLUIDOS NATURAIS NO PAÍS?

Hoje nós temos várias lojas com propano outras com CO2 subcrítico, algumas com transcrítico, mas se você olhar o total dessas lojas perante o total de lojas do varejo no Brasil é muito pouco. Estimamos que existam mais de 40 mil supermercados em atividade com mais de três checkouts. Mas, somando as lojas com CO2 e propano hoje, nossas e dos nossos concorrentes, não passam de 300 lojas. E a maioria com CO2 subcrítico, que tem o lado de alta deste sistema com o R134a. São projetos com um pouco de HFCs. Se pensarmos em fluidos 100% naturais, aí não há 50 lojas. É muito pouco mesmo. Temos um caminho enorme para evoluir.

 

FALE DA SUA VISÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DESTE TRABALHO COM FLUIDOS NATURAIS PARA O MEIO AMBIENTE?

O meio ambiente é o foco de todo esse trabalho. Nada do que estamos fazendo hoje na Refrigeração seria possível se não houvesse um objetivo final de nós conseguirmos soluções que agridam o mínimo possível ou não agridam o meio ambiente. Já que Refrigeração mesmo daqui a 50 anos, certamente, nós vamos continuar precisando dela. O que a gente não pode é continuar utilizando fluidos que de uma forma ou de outra impactam negativamente no meio ambiente. Então acho que todas as indústrias, todos os engenheiros (que atuam no setor) têm de estar focados em encontrar novas soluções em que o impacto seja zero ou o mínimo possível. Zero de fato nunca é, porque só o fato de o projeto de refrigeração consumir energia elétrica, mesmo com equipamentos eficientes, pode afetar o meio ambiente de alguma forma. Então, impactar, sempre vai impactar, o que não pode é saber que os HFCs ou até mesmo os HFOs, que virão no futuro, podem de alguma forma impactar no solo, na água e na atmosfera e continuar usando. O nosso trabalho não ocorre do dia para a noite. Esse processo de evolução leva anos, mas tem de começar. O importante é ter paciência, e precisamos de muita paciência, e não parar!

 

FALE DO QUE O MOTIVA NESTE TRABALHO…

Esse trabalho todo com fluidos naturais que estamos fazendo na Eletrofrio é muito gratificante, também porque nos coloca numa posição de destaque entre aquelas pessoas que estão lutando por um objetivo que visa o bem comum. Então, isso nos deixa muito agradecidos e satisfeitos por tudo o que temos alcançado. Como disse, a paciência tem que ser grande. Mas tudo que a gente já fez e tudo o que está para acontecer, nos traz grande satisfação. De uma forma ou de outra, um pedacinho de tudo isso feito na refrigeração comercial no Brasil foi a partir do nosso trabalho. Eu não trabalho sozinho, sou eu e toda a minha equipe na Eletrofrio focada neste trabalho. E tenho certeza de que a satisfação é de todos. Tudo aquilo que a gente planejou em 2011, utilizando fluidos naturais, já frutificou e temos muita coisa boa já feita. E com todos os erros e acertos, nos trouxe onde estamos. E temos sim de estar satisfeitos com o que fizemos e prontos a fazer muito mais.

MARSON, POR FAVOR COMPLETE AS FRASES:

O maior obstáculo para aumentar o uso de Fluidos Naturais no Brasil, atualmente, após a recente aprovação da Emenda de Kigali, são….

os custos (das tecnologias e dos fluidos)!

A maior importância de termos dois laboratórios no modelo de mini supermercados para treinamento de técnicos no Brasil é…

… capacitação profissional dos técnicos e mecânicos que vão operar os sistemas de refrigeração com fluidos naturais (mão de obra capacitada para indústria e para o varejo).

Eu amo meu trabalho no setor de REFRIGERAÇÃO porquê…

… me traz muita satisfação!

ELETROFRIO… é uma empresa brasileira que está há 75 anos no mercado e hoje é líder em refrigeração comercial e especialista em expositores refrigerados, câmaras frigoríficas e sistemas de geração de frio alimentar produzidos com a mais alta tecnologia, como as que utilizam fluidos naturais

COOL TALKS PBH: “PESQUISA É EXTREMAMENTE MOTIVADORA E DESAFIADORA, PORQUE NÓS TRABALHAMOS COM AS INOVAÇÕES QUE VÃO ACONTECER NA INDÚSTRIA!”

Dr. Enio Pedone Bandarra Filho, 53 anos, é um dos mais renomados cientistas brasileiros da área de Refrigeração. É professor titular da UFU e bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq, nível 1B. Nesta entrevista, ele fala sobre sua carreira e, em especial, sobre pesquisas nas áreas de novos fluidos refrigerantes e naturais.

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