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COOL TALKS PBH: “CRESCIMENTO DO SETOR AVAC-R COM FOCO NO USO DE NOVAS TECNOLOGIAS E NA CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS”

Entrevista

Arnaldo Basile é presidente executivo da ABRAVA e, nesta entrevista, ele fala sobre as oportunidades e desafios do setor AVAC – R - Aquecimento, Ventilação, Ar-Condicionado e Refrigeração no Brasil.

Arnaldo Basile é presidente executivo da ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento. Formado em engenharia mecânica, com pós-graduação em Administração de Finanças, Marketing e Gestão. Nesta entrevista, ele fala sobre as oportunidades e desafios do setor AVAC – R – Aquecimento, Ventilação, Ar-Condicionado e Refrigeração no Brasil.

 

OS DESAFIOS AMBIENTAIS DO PLANETA ESTABELECEM NOVAS TRANSIÇÕES TECNOLÓGICAS PARA A INDÚSTRIA DE REFRIGERAÇÃO EM TODO O MUNDO. A INDÚSTRIA ESTÁ PREPARADA PARA ESSA EVOLUÇÃO NO BRASIL, COM A ELIMINAÇÃO DOS HCFCs E A AMPLIAÇÃO DO USO DOS FLUIDOS NATURAIS?

Quando estamos falando da indústria de manufatura de equipamentos de ar-condicionado e refrigeração, as fábricas, eu diria que sim. Elas estão prontas, em sua maioria, para iniciar a produção de novos equipamentos, utilizando os novos fluidos refrigerantes. Todas elas, sem exceção, estão num ponto avançado em seu planejamento e na sua estrutura para entrar com esses equipamentos em fabricação. Apesar da demora na aprovação da Emenda de Kigali (a aprovação da Emenda ficou parada três anos na Câmara dos Deputados, mas depois foi rapidamente aprovada pelo Senado e governo federal) e de a indústria ter ficado em compasso de espera por essa aprovação, todas elas estão com seus planejamentos bem-preparados. A maioria dessas indústrias, especialmente as de grande porte, é formada por empresas internacionais, que já estão internamente preparadas para produzir os novos equipamentos, com os novos fluidos refrigerantes, e, portanto, estão prontas para fazer essa adequação final para o mercado no Brasil.

 

QUAL A IMPORTÂNCIA DA APROVAÇÃO DA EMENDA DE KIGALI PARA A MODERNIZAÇÃO DA INDÚSTRIA?

Nós entendemos que a aprovação da Emenda de Kigali, que ocorreu recentemente (em 19 de outubro, o Brasil depositou junto às Nações Unidas carta de aceitação da Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal), é crucial e é um divisor de águas, pois mostra ao mundo que os nossos termos de compromissos estão alinhados, colaborando para a proteção da Camada de Ozônio e para a diminuição do aquecimento global. A partir dessa adesão, nós temos a garantia de poder importar os fluidos refrigerantes mais modernos de forma adequada, e poderemos destravar projetos e dar continuidade à otimização não só da indústria AVAC-R, mas para outras indústrias, como a automobilista, modernizando os parques fabris.

           

COMO O SR. VÊ OS IMPACTOS DO ATUAL USO DOS HFCs NO SETOR AVACR, COM A PROXIMIDADE DE INÍCIO DA FASE DE REDUÇÃO DO CONSUMO DESSES FLUIDOS?

Algum impacto existe, mas não estamos vivendo uma situação dramática de falta de gás. O que acontece hoje é que por conta da crise global que estamos vivenciando, iniciada com a pandemia do COVID-19 e acirrada com a Guerra entre a Rússia e a Ucrânia, toda a logística de cabotagem e de frete marítimo internacional foi afetada. Isto sim é um grande problema, pois se aumentaram todos os custos da matéria-prima e insumos. Esta situação afeta a nossa fase atual de transição de fluidos refrigerantes, porque o abastecimento está irregular, não é constante como ocorria antes da pandemia, em 2019. Infelizmente, nesse cenário atual, aparecem grandes oportunidades para a importação de gases de origem duvidosa. E existem oportunistas que se valem desta situação. Isso já foi detectado no mercado brasileiro. Não podemos dizer que isto acontece com maior ou menor intensidade, mas pode acontecer, há o risco, tanto no setor de ar condicionado, como no de refrigeração comercial. O risco é o mesmo.

 

QUAIS SÃO OS MAIORES DESAFIOS DO SETOR AVACR PARA OS PRÓXIMOS ANOS?

Os maiores desafios, e também riscos, estão relacionados à falta de profissionais capacitados. Faltam profissionais plenamente conhecedores das boas práticas no nosso setor. Em 2012, já vivíamos esse problema, o mercado estava aquecido e faltava mão de obra qualificada, com isso começou a migração de profissionais de outras áreas, especialmente para os serviços de manutenção. Na crise político-econômica de 2014 para 2015, com a queda nos empregos, essa migração aumentou ainda mais. Como o nosso setor, especialmente o de ar condicionado, mesmo com a crise, continuou a se expandir, aumentou ainda mais a atração de profissionais de outros setores, que não são conhecedores das tecnologias e não tiveram formação adequada. Isto é muito ruim, pois trouxe para baixo o nível médio de qualificação dos profissionais que atuam no setor, e que piorou mais ainda no período da Covid-19. Infelizmente, hoje temos uma grande quantidade de profissionais não qualificados atuando no mercado. Isto é muito grave, pois hoje temos uma gama muito diversificada de fluidos nos aparelhos, que demanda mais conhecimento técnico desses profissionais. Este é o nosso grande desafio, e nós da Abrava, e parceiros, batemos muito na tecla de que ´treinar e capacitar pessoal faz parte do negócio’. Nós insistimos que as empresas do setor coloquem no seu plano de negócio a capacitação e reciclagem de profissionais, principalmente nesta fase de uso de novas tecnologias.

 

NA SUA VISÃO, ESTE CENÁRIO DE EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA FAZ CRESCER AINDA MAIS A IMPORTÂNCIA DAS ESCOLAS TÉCNICAS, PARCEIRAS DO PBH E TAMBÉM DA ABRAVA?

Sim, como eu sempre falo nas minhas palestras, a Academia é muito importante. Quando falo de academia, me refiro às FATECs (faculdades de tecnologia), às escolas técnicas e outras escolas, entidades e iniciativas que visam a capacitação.

A academia é fundamental para ampliar a qualificação dos profissionais do setor, não só com cursos longos de formação, mas também com cursos rápidos, como os de boas práticas implementados pela GIZ, no âmbito do PBH. Temos de dar muita ênfase ao treinamento dos técnicos, não só para os aparelhos novos, mas também para os aparelhos que já estão instalados. Nos últimos 22 anos o Brasil vendeu cerca de 60 milhões de aparelhos de ar-condicionado tipo mini split e janela. É claro que muitos não estão mais em uso, mas muitos estão. Estima-se que existam 20 milhões de aparelhos de ar-condicionado em uso no Brasil. E, em algum momento, eles precisarão de manutenção ou deverão ser trocados. E quando tiverem que ser trocados, tem que recolher o fluido refrigerante, armazená-lo, destiná-lo… Incutir isso na formação dos técnicos para mim é a questão fundamental. Na refrigeração comercial, a importância de seguir as boas práticas é maior ainda. Os profissionais têm de ser capacitados a fazer as coisas certas, com o ferramental certo, e com muita paciência e dedicação, para não apressar os processos com procedimentos errados.

 

NA SUA VISÃO, QUAL É A IMPORTÂNCIA DO LANÇAMENTO DE NOVOS CURSOS, COMO OS QUE ESTÃO SENDO ELABORADOS PELO PBH PARA O SETOR DE SERVIÇOS, QUE VISAM A CAPACITAÇÃO E TREINAMENTOS DE ENGENHEIROS, MECÂNICOS E TÉCNICOS DE REFRIGERAÇÃO, DIVULGANDO AS BOAS PRÁTICAS E USO SEGURO DE NOVAS TECNOLOGIAS, COMO AS DE FLUIDOS NATURAIS?

Esta iniciativa (Treinamento e Capacitação de Mecânicos e Técnicos de Refrigeração para Uso Seguro de Fluidos Inflamáveis em Sistemas de Ar Condicionado do Tipo Split) é muito importante, ainda mais por incluir escolas no Norte e Nordeste (além do Centro-Oeste, Sudeste e Sul). Com os fluidos naturais, a preocupação é ainda maior. As escolas têm de saber com clareza sobre as alternativas de fluidos naturais que estão disponíveis no mercado. Elas têm que preparar os profissionais para lidarem com esses fluidos refrigerantes naturais, capacitando-os corretamente nos processos de instalação e manutenção.

Eu estive, recentemente, visitando a ETP, em Curitiba. Ela é uma das escolas parceiras no projeto implementado pela GIZ, no âmbito do PBH (https://boaspraticasrefrigeracao.com.br/senai-rj-e-etp-pr-vencem-licitacao-para-ministrarem-novo-curso-do-pbh-para-uso-seguro-de-co2-e-hc-290/) com o professor Alexandre, que é realmente um grande educador. Eu vi as dependências e como está sendo preparada a escola (para criação de mini supermercado-escola com fluidos naturais). Nota 10 para essa iniciativa! Eu torço que essa iniciativa dê certo e seja expandida. Nós da Abrava colocamos nossa estrutura à disposição para divulgar esse projeto assim que estiver pronto.

 

FALE DO QUE O MOTIVA NESTE TRABALHO COMO PRESIDENTE DA ABRAVA…

A minha motivação é poder retribuir ao setor, por meio do meu trabalho na Abrava, tudo que eu tive a oportunidade de aprender na Academia (nas escolas de engenharia, de administração, e outras) e nas empresas nas quais trabalhei como gestor. Eu encontrei ao longo da minha gestão (18 anos de Abrava e 16 anos como presidente) parceiros, colaboradores e voluntários, enfim pessoas que querem fazer do nosso setor algo melhor… um setor mais pujante, mais responsável, mais inclusivo… É isso que me dá prazer e que me motiva a continuar meu trabalho diário pelo crescimento do setor.

POR FAVOR COMPLEMENTE AS FRASES:

A ABRAVA incentiva e impulsiona que as empresas do setor AVACR foquem nas boas práticas ambientais porque… 

ela é responsável pela disseminação das boas práticas tecnológicas e profissionais. Faz parte da missão da Abrava.

O setor AVACR deve investir na capacitação de mão de obra porque… 

é um dos setores da economia brasileira que mais oferece oportunidades de atividades profissionais dignamente remuneradas.

Eu adoro meu trabalho na Abrava porque… 

eu posso colocar a minha experiência profissional, executiva e acadêmica à serviço do setor. 

A ESSÊNCIA DA ABRAVA, NA VISÃO DE ARNALDO BASILE:

“A Abrava cuida do ar que você respira. E garante que a refrigeração esteja a seu serviço!  O ar condicionado é bom e faz bem e junto com a refrigeração são imprescindíveis à sociedade.”

COOL TALKS PBH: “PESQUISA É EXTREMAMENTE MOTIVADORA E DESAFIADORA, PORQUE NÓS TRABALHAMOS COM AS INOVAÇÕES QUE VÃO ACONTECER NA INDÚSTRIA!”

Dr. Enio Pedone Bandarra Filho, 53 anos, é um dos mais renomados cientistas brasileiros da área de Refrigeração. É professor titular da UFU e bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq, nível 1B. Nesta entrevista, ele fala sobre sua carreira e, em especial, sobre pesquisas nas áreas de novos fluidos refrigerantes e naturais.

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